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sector dos materiais de construções fatura no exterior  quase o dobro da indústria do calçado.  Em 2013, as exportações  ficaram nos  €3,1 mil milhões (+8% face a 2012), um valor que compara com os €1,7 mil milhões de vendas de sapatos portugueses no exterior.

A balança comercial ajuda a combater o défice externo do país. O saldo virtuoso é de €1,6 mil milhões, beneficiando da queda das importações que em 2013 valeram €1,4 mil  milhões. O sector pesa 6,3% nas exportações portuguesas.

A indústria dos materiais beneficia da cruzada no exterior da fileira da construção. mas também o universo comercial contribui para o esforço exportador, contribuindo  com €500 milhões. A nova atitude de empresas comerciais mais arrojadas como a Grecogeste, Sanitop, Ovarmat, Nosnorte ou Macolis é apostar na abertura de lojas em mercados africanos (Angola, Moçambique, Cabo Verde e Marrocos)  e europeus (Espanha e França), para impulsionar as suas vendas.

O mercado da União Europeia é o principal destino das exportações (em 2013 a França tornou-se líder, superando a Espanha), mas os materiais portugueses viajam por todo o mundo. Angola, Estados Unidos, Arábia Saudita e China surgem do top 10. Os países do Magrebe e a região do Médio Oriente ganham cada vez maior relevância no desempenho dos exportadores.

O desafio da inovação

A realidade atual e os novos desafios que a fileira do imobiliário e construção enfrenta estarão em foco e4sta quinta-feira, no âmbito do seminário internacional organizado pela APCMC – Associação Portuguesa dos Comerciantes de Materiais de Construção que decorre no porto. “Reabilitação e Construção Sustentável: Um desafio global”, é o tema principal do congresso que contará com sessões sobre o Futuro da Construção, Inovação e Sustentabilidade e os Desafios dos Mercados.

José de Matos, secretário-geral da APCMC, não hesita em citar exemplos virtuosos para ilustrar a capacidade de inovação da indústria. OLI (equipamentos sanitários),  Secil Argamassas (argamassas de revestimento com incorporação de cortiça),  Tecnodek (decks feitos com resíduos de madeira), Global Fire (detetores de incêndio e centrais de alarme), Revigrés (pavimentos e revestimentos cerâmicos),  Coelho da Silva (telhas cerâmicas) ou Amorim Isolamentos (aglomerado natural de cortiça para isolamento) são casos felizes de dinamismo e internacionalização empresarial.

“O sector sofre de défice de escala, pontuado por pequenas e médias empresas que operam em segmentos de mercado muito fragmentados”, nota José de Matos. Na frente comercial, o sector conta com 10 mil empresas, com  42 mil empregados e vendas de €4,8 mil milhões. Já a indústria conta com 19 mil empresas e 100 mil empregos.

Novo modelo de negócio

O negócio dos materiais de construção foi severamente afetado pela nova ordem económica, recuando para níveis de há 20 anos. Em paralelo com a crise ” sucederam-se alterações qualitativas profundas no mercado, com uma transição do predomínio da obra nova para a renovação e reabilitação e o crescimento dos segmentos de clientes particulares e profissionais”, realça José de Matos.

As empresas têm de saber lidar, em simultâneo, “com a aplicação de medidas de reestruturação de caráter operacional e financeira e a reformulação da estratégia e do modelo de negócio”. Os novos critérios e exigências provocaram uma mudança de atitude do cliente que abandonam a escolha do produto ou material pela solução integrada que lhe garante maior conforto, durabilidade, eficiência e sustentabilidade.

Este novo modelo “cria um novo espaço para a intervenção e inovação dos comerciantes, permitindo-lhes acrescentar valor na cadeia e impulsionar a internacionalização dos negócios”, realça o diretor da APCMC.

 A APCMC aproveita o seminário de hoje para apresentar uma nova plataforma digital bilingue que inclui um diretório de produtos e empresas, organizado de forma a favorecer a consulta dos arquitetos e projetistas, promovendo os  materiais e produtos portugueses em todo o mundo.

Fonte: Expresso